Onde canta o Sabiá.
Recanto Poético: Canção do Exílio As Avessas - Jô Soares (recantopoeticolettig3.blogspot.com)
Análise do poema
Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;.
Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, (no teu seio) mais amores.
Meu país tinha palmeiras,
Lá cantava o Sabiá;Que hoje quase não canta
Porque poucos deles há.
Nosso céu, tem sim, estrelas,
Mas, nas várzeas não há flores,
Nossos bosques têm queimadas,
Há mais ódio e desamores.
Ao deitar, todas as noites,
A lembrar ponho-me cá;
Daquelas lindas palmeiras,
Do canto do Sabiá.
Meu país tinha primores,
Mas já não os vejo cá.
Ao lembrar –sozinho, à noite-
Quanta tristeza me dá!
Onde estão minhas palmeiras,
Onde anda o Sabiá?
Permita-me, Deus que eu morra,
Sem que tenha de ver cá;
Mais depredação das matas
E a extinção do Sabiá,
Destas matas brasileiras
Qu’igual no mundo não há.
Miriam Panihghel Catvalho
Jô Soares
Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Nào fazem cocoricó.
O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó,
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem piscina,
Heliporto e tem jardim
feito pela Brasil's Garden:
Não foram pagos por mim.
Em cismar sozinho à noite
sem gravata e paletó
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o curió.
No meio daquelas plantas
Eu jamais me sinto só.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Pois no meu jardim tem lagos
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.
Minha Dinda tem primores
De floresta tropical.
Tudo ali foi transplantado,
Nem parece natural.
Olho a jabuticabeira
dos tempos da minha avó.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Até os lagos das carpas
São de água mineral.
Da janela do meu quarto
Redescubro o Pantanal.
Também adoro as palmeiras
Onde canta o curió.
Nào permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Finalmente, aqui na Dinda,
Sou tartado a pão-de-ló.
Só faltava envolver tudo
Numa nuvem de ouro em pó.
E depoies de ser cuidado
Pelo PC, com xodó,
Não permita Deus que eu tenha
De acabar no xilindró.
Canção do Exílio As Avessas é uma paródia de Jô Soares, usando como texto base a Canção do Exílio de Gonçalves Dias.
Esse texto é um dos inúmeros textos parodísticos criados a partir do texto do poeta maranhense.
Hino de Santa Inês
Outrora no vale do Pindaré
Antes das vilas e dos canaviais
Predominava o Índio Amanajé
Em meios às sombras dos babaçuais
Lagrou após o,lugar mais projeção
Pela pesca, lavoura e pecuária
E pelo exemplo de dona Inez Galvão
Entre outras mestras extraordinárias
Brava gente, terra amada!
Lar de paz hospitaleiro
Ó Santa Inês, prestigiada
Neste solo brasileiro
Sua cultura é tradicional
Do bumba-boi ao folguedo junino
E do terreiro ao brio do carnaval
Da vaquejada a festa do divino
Hoje, esbelta e tão modelar cidade,
Com o eixo rodoviário ativo
E a ferrovia dando prosperidade
Com o comercio a esse povo altivo
Acredite
Acreditar é ter fé
naquilo que ninguém prova.
É dispensar a certeza
que geralmente comprova.
Pois a dúvida é uma dívida
e a conta só se renova.
Acredite no improvável,
acredite no impossível,
enxergue o que ninguém vê,
perceba o imperceptível
e enfrente o que, para muitos,
parece ser invencível.
Acredite em você,
na força da sua fé,
nas vezes que você teve
que remar contra a maré.
Cada “não” que alguém lhe disse
deu forças pra que surgisse
um desejo de provar
que quando a gente tropeça
se levanta e recomeça
sem parar de caminhar.
Acredite em tudo aquilo
que lhe torna diferente
em tudo que já passou
e no que vem pela frente.
Acredite e seja forte,
não espere pela sorte,
não espere por ninguém,
pois de tanto esperar
você pode estacionar
e deixar de ir além.
Acredite e não se explique
pois poucos vão entender:
só se compreende um sonho
se o sonhador for você.
Há quem possa lhe animar,
há quem possa duvidar,
há quem lhe faça seguir.
Mas não descuide um segundo
pois muita gente no mundo
quer lhe fazer desistir.
Acredite, pense e faça,
use sua intuição,
transforme sonho em suor,
pensamento em ação.
Enfrente cada batalha
sabendo que a gente falha
e que isso é natural,
cair pra se levantar,
aprender pra ensinar
que o bem é maior que o mal.
Que primeiro a gente planta
e só depois vai colher.
O roteiro é sempre este:
lutar pra depois vencer.
E que a arma mais potente
seja sempre a sua mente
munida só de bondade.
Se você não se entregar,
dá até pra acreditar
nessa tal humanidade.
Enfim, acredite em tudo
que é bom e lhe faz bem.
Acredite, inclusive,
no que lhe faz mal também,
já que, pra se proteger,
é preciso conhecer
o que vai se enfrentar.
Que você nunca se esqueça:
Não importa o que aconteça
Não deixe de ACREDITAR!
Bráulio Bessa, Poesia que transforma
Oitubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós
(Meu Deus, meu Deus)
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
(Ai, ai, ai, ai)
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal
(Meu Deus, meu Deus)
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
(Ai, ai, ai, ai)
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
(Meu Deus, meu Deus)
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
(Ai, ai, ai, ai)
Descamba Janeiro
Depois fevereiro
E o mesmo verão
(Meu Deus, meu Deus)
Pensando consigo
Diz isso é castigo
Não chove mais não
(Ai, ai, ai, ai)
Que é o mês preferido
Do santo querido
Senhor São José
(Meu Deus, meu Deus)
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
(Ai, ai, ai, ai)
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
(Meu Deus, meu Deus)
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Palo
Viver ou morrer
(Ai, ai, ai, ai)
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
(Meu Deus, meu Deus)
Não for tão mesquinho
Ai, pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
(Ai, ai, ai, ai)
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
(Meu Deus, meu Deus)
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
(Ai, ai, ai, ai)
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
(Meu Deus, meu Deus)
Que tudo devora
Lhe bota pra fora
Da terra natá
(Ai, ai, ai, ai)
No topo da serra
Oiando pra terra
Seu berço, seu lar
(Meu Deus, meu Deus)
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar
(Ai, ai, ai, ai)
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
(Meu Deus, meu Deus)
Falando saudoso
Com seu filho choroso
Exclama a dizer
(Ai, ai, ai, ai)
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
(Meu Deus, meu Deus)
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
(Ai, ai, ai, ai)
Tremendo de medo
Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?
(Meu Deus, meu Deus)
Coitado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
(Ai, ai, ai, ai)
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo azul
(Meu Deus, meu Deus)
Nos fio pensando
E o carro rodando
Na estrada do Sul
(Ai, ai, ai, ai)
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Procura um patrão
(Meu Deus, meu Deus)
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
(Ai, ai, ai, ai)
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar
(Meu Deus, meu Deus)
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
(Ai, ai, ai, ai)
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
(Meu Deus, meu Deus)
Saudade de móio
E as água nos óio
Começa a cair
(Ai, ai, ai, ai)
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
(Meu Deus, meu Deus)
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não
(Ai, ai, ai, ai)
Tão seca mas boa
Exposto à garoa
À lama e o baú
(Meu Deus, meu Deus)
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul
(Ai, ai, ai, ai).