domingo, 11 de dezembro de 2022

Período 4/10 Direito



Conforme registramos em postagens anteriores, o tempo passa rápido e podemos comprovar tal analogia com a própria ausência do relato referente ao encerramento do terceiro período, quando naquela oportunidade deveríamos postar o quadro de registro de conclusão dos 30% do curso. Infelizmente, ficaremos com esta dívida pendente até que alguns colegas possam prontificarem-se à dedicação das lembranças próprias do período ou que tais momentos fujam inteiramente ao nosso possível resgate mental. De todo, não podemos esquecer as atitudes respeitosas e a sensibilidade dos colegas reconhecendo momentos delicados da vulnerabilidade da saúde de alguns docentes, situações das quais estamos sempre vulneráveis por mais que aparente inabalável vigor.

Projetando-se ao nosso período mais recente, imagino que seja unânime o destaque da imagem ou, para melhor expressar, o audio acelerado em sotaque ligeiramente distinto do habitual onde tantos, repetidos JECs e JEFs soavam como músicas "chicletes". Dispensando autorização expressa do autor, abaixo um registro onde colegas extravasam suas imagens mentais no grupo de whatsapp da turma. Conforme questão de respeito e sigilo, como devem ser as informações de grupos de whatsapp, a autoria é "segredo de turma".


Autoria sob sigilo


Tivemos algumas alterações no quadro de discentes da turma e o mesmo observou-se quanto ao quadro de docentes. Para que não escapem ao registro oportuno, destacamos os discentes que ingressaram à turma que foram Gillys Larry, Helena, Henrique, Regiane, Tais Fernanda e Wilderlane, nesta altura, devidamente integrados ao grupo.

Não tivemos tantas dificuldades para visualizar as explanações didáticas e ressaltamos uma promissora aventura docente onde os diagramas de setas dos elementos e figurantes dos variados contratos foram sempre úteis. Diferente dos clássicos "tchain tchain e tome tome, não é verdade", calha pontuar a percepção de alguns nós nas tentativas mais imediatas, mas aqui configura o grande destaque que é a incansável repetição sem demonstrar a menor hesitação quando necessário ou solicitado fosse.

Aguardo relatos das inevitáveis pérolas lembradas pelos colegas.

Apesar dos iniciais desgastes relacionados às percepções conjecturais sem qualquer previsão mais assertiva, se estás lendo estas palavras é porque juntos estamos finalizando mais um ano. Tivemos muitas perdas, mas diante de tantos compromissos e responsabilidades nos enobrece a certeza das particulares atitudes mais sensatas e no emaranhado de necessidades agradecemos pelo discernimento das prioridades.

Nosso elenco de professores deste período:

Direito Civil III - Filipe 

Direito Penal III - Herbeth Barreto

Direito Constitucional III - Edith Maria Barbosa Ramos

Direito Administrativo I - Luis Cláudio

Argumentação Jurídica - Allan Cavalcante Lira Magalhães

Direito Processual Civil III - Poliana Lustosa

Extensionista em Direito Constitucional II - Raphael Penha Hermano

Parabéns aos professores, à toda comunidade relacionada direta ou indiretamente e à toda turma por ter concluído mais uma etapa deste grande investimento pessoal e profissional. Desta forma, vamos comemorando as pequenas vitórias de uma grande "partida" e que todos consigam vencer esse jogo pelo qual possa se orgulhar de suas escolhas e decisões.

Obs: Ainda não concluimos a edição.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

OBMEP 2022




A Olimpíada Brasileira de matemática das escolas públicas e particulares (OBMEP) é um projeto nacional dirigido às escolas públicas e privadas brasileiras, realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada - IMPA, com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática – SBM, e promovida com recursos do Ministério da Educação - MEC e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações– MCTI.


Teve sua primeira edição em 2005 com o objetivo precípuo de estimular o estudo da matemática e identificar talentos na área. Contudo, reservar-se-ão outros objetivos como:


- Contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica, possibilitando que um maior número de alunos brasileiros possa ter acesso a material didático de qualidade;


- Incentivar seu ingresso em universidades, nas áreas científicas e tecnológicas;


- Incentivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas, contribuindo para a sua valorização profissional;


- Contribuir para a integração das escolas brasileiras com as universidades públicas, os institutos de pesquisa e com as sociedades científicas;


- Promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento.


O público-alvo da OBMEP é composto de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até último ano do Ensino Médio, compreendendo os níveis:


Nível 1 para alunos de 6º e 7º anos;


Nível 2 para alunos de 8º e 9º anos;


Nível 3 para alunos do ensino médio.


O calendário de cada edição da Olímpiada contém diversas atividades que se estendem por todo o ano letivo, iniciando com as inscrições das escolas que desejam participar e encerrando com a divulgação dos resultados, com premiações para escolas, secretarias e professores. As premiações dos alunos são distribuídas em todo território nacional conforme quadro abaixo:



Em particular, os 12 municípios jurisdicionados à Unidade Regional de Educação Santa Inês acumulam diversas premiações anuais, inclusive algumas medalhas de ouro. Oportunamente, algumas escolas contemplam as participações de seus alunos na composição de suas notas de rendimento escolar. Por vezes, também realizam eventos cerimoniais valorizando os melhores desempenhos obtidos pelos alunos em sua escola na aplicação da prova da primeira fase e, consequentemente, selecionados para participarem da segunda fase composta de uma prova subjetiva e de concorrência nacional.


Entre muitas outras atividades promovidas no ambiente escolar que visam o desenvolvimento intelectual, a OBMEP não poderia acontecer sem a dedicação integral e oportuna de gestores, professores, secretários, pais, alunos e toda comunidade escolar. Vale salientar a presença de pais e/ou responsáveis no sábado acompanhando seus filhos e outros dependentes na realização da segunda fase. Professores acompanhando suas turmas/escolas bem como gestores, secretários de educação e coordenadores municipais dedicando apoio aos alunos e fazendo da OBMEP um momento profícuo e diferenciado. Os resultados desta aplicação refletem-se em seu desempenho momentâneo e, conforme histórico das 17 edições realizadas, reflete em seu sucesso pessoal e profissional. Isto revela-se nos inúmeros profissionais em todas as áreas almejadas pelos alunos cujo ingresso na faculdade e formação ocorrem como processo natural e fruto de sua dedicação ao conhecimento.


Este ano foi realizada a 17ª edição de muita história envolvida. Não tenho a pretensão de esgotar as informações referentes a este imenso e gratificante projeto.


Oportunamente, manifesto agradecimentos a todos os colaboradores e participantes. No entanto, permitam-me destacar aqueles gestores e outros que, mesmo não fazendo parte da equipe de aplicadores voluntários da OBMEP, não medem esforços para realização deste evento. Desta forma, imagino que tais comportamentos sejam inerentes às personalidades proativas e sobretudo comprometidas com o sucesso da educação, felizmente, figuras comuns no cenário do universo educacional.


Jeofton Meira Trindade - Coordenador setorial da OBMEP nos municípios jurisdicionados à URE Santa Inês.


Acesse também OBMEP, para mais informações


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Trabalho sobre o babaçu

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá. 

Recanto Poético: Canção do Exílio As Avessas - Jô Soares (recantopoeticolettig3.blogspot.com)




Gonçalves Dias, além de poeta, foi jornalista e advogado. Ele nasceu no Maranhão na cidade de Caxias, no ano de 1823, e morreu na mesma cidade de origem e 1864. 

Em sua carreira literária, Gonçalves se destacou como um grande representante da primeira fase do Romantismo no Brasil, conhecida também como geração indianista ou nacionalista

Análise do poema 


A Canção do Exílio foi um poema escrito por Gonçalves quando ele ainda cursava direito na Faculdade de Coimbra (Portugal), no ano de 1847. No país, ele teve contato com as primeiras obras literárias portuguesas, sobretudo, dos poetas e escritores Almeida Garret (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877).

A canção é um poema composto por cinco estrofes, sendo três quartetos, com quatro versos e dois sextetos, com seis versos. Nele é possível perceber a admiração e patriotismo que o autor tinha em relação ao Brasil.

Em um dos trechos do poema Gonçalves deixou transparecer um pouco da saudade que sentia do seu país de origem. O sentimento de retornar era tamanho que ele escreveu: 


Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;.

Além disso, na composição do Hino Nacional Brasileiro, realizado em 1822, foi usado dois versos do poema Canção do Exílio. Esse é o trecho do hino:
 
Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, (no teu seio) mais amores.


Meu país tinha palmeiras,

Lá cantava o Sabiá;
Que hoje quase não canta
Porque poucos deles há.

Nosso céu, tem sim, estrelas,
Mas, nas várzeas não há flores,
Nossos bosques têm queimadas,
Há mais ódio e desamores.

Ao deitar, todas as noites,
A lembrar ponho-me cá;
Daquelas lindas palmeiras,
Do canto do Sabiá.

Meu país tinha primores,
Mas já não os vejo cá.
Ao lembrar –sozinho, à noite-
Quanta tristeza me dá!
Onde estão minhas palmeiras,
Onde anda o Sabiá?

Permita-me, Deus que eu morra,
Sem que  tenha de ver cá;
Mais depredação das matas
E a extinção do Sabiá,
Destas matas brasileiras
Qu’igual no mundo não há.

Miriam Panihghel Catvalho

Vários autores parodiaram ou parafrasearam a obra Canção do exílio de Gonçalves Dias.
Destacamos apenas algumas destas versões, conforme segue mais uma delas.

Canção do Exílio às Avessas
Jô Soares

Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Nào fazem cocoricó.

O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó,
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.

Minha Dinda tem piscina,
Heliporto e tem jardim
feito pela Brasil's Garden:
Não foram pagos por mim.
Em cismar sozinho à noite
sem gravata e paletó
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o curió.

No meio daquelas plantas
Eu jamais me sinto só.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Pois no meu jardim tem lagos
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.

Minha Dinda tem primores
De floresta tropical.
Tudo ali foi transplantado,
Nem parece natural.
Olho a jabuticabeira
dos tempos da minha avó.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.

Até os lagos das carpas
São de água mineral.
Da janela do meu quarto
Redescubro o Pantanal.
Também adoro as palmeiras
Onde canta o curió.
Nào permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.

Finalmente, aqui na Dinda,
Sou tartado a pão-de-ló.
Só faltava envolver tudo
Numa nuvem de ouro em pó.
E depoies de ser cuidado
Pelo PC, com xodó,
Não permita Deus que eu tenha
De acabar no xilindró.




Canção do Exílio As Avessas é uma paródia de Jô Soares, usando como texto base a Canção do Exílio de Gonçalves Dias.
Esse texto é um dos inúmeros textos parodísticos criados a partir do texto do poeta maranhense.


Hino de Santa Inês

Outrora no vale do Pindaré
Antes das vilas e dos canaviais
Predominava o Índio Amanajé
Em meios às sombras dos babaçuais

Lagrou após o,lugar mais projeção
Pela pesca, lavoura e pecuária
E pelo exemplo de dona Inez Galvão
Entre outras mestras extraordinárias

Brava gente, terra amada!
Lar de paz hospitaleiro
Ó Santa Inês, prestigiada
Neste solo brasileiro

Sua cultura é tradicional
Do bumba-boi ao folguedo junino
E do terreiro ao brio do carnaval
Da vaquejada a festa do divino

Hoje, esbelta e tão modelar cidade,
Com o eixo rodoviário ativo
E a ferrovia dando prosperidade
Com o comercio a esse povo altivo

Acredite

Acreditar é ter fé
naquilo que ninguém prova.
É dispensar a certeza
que geralmente comprova.
Pois a dúvida é uma dívida
e a conta só se renova.

Acredite no improvável,
acredite no impossível,
enxergue o que ninguém vê,
perceba o imperceptível
e enfrente o que, para muitos,
parece ser invencível.

Acredite em você,
na força da sua fé,
nas vezes que você teve
que remar contra a maré.
Cada “não” que alguém lhe disse
deu forças pra que surgisse
um desejo de provar
que quando a gente tropeça
se levanta e recomeça
sem parar de caminhar.

Acredite em tudo aquilo
que lhe torna diferente
em tudo que já passou
e no que vem pela frente.
Acredite e seja forte,
não espere pela sorte,
não espere por ninguém,
pois de tanto esperar
você pode estacionar
e deixar de ir além.

Acredite e não se explique
pois poucos vão entender:
só se compreende um sonho
se o sonhador for você.
Há quem possa lhe animar,
há quem possa duvidar,
há quem lhe faça seguir.
Mas não descuide um segundo
pois muita gente no mundo
quer lhe fazer desistir.

Acredite, pense e faça,
use sua intuição,
transforme sonho em suor,
pensamento em ação.
Enfrente cada batalha
sabendo que a gente falha
e que isso é natural,
cair pra se levantar,
aprender pra ensinar
que o bem é maior que o mal.

Que primeiro a gente planta
e só depois vai colher.
O roteiro é sempre este:
lutar pra depois vencer.
E que a arma mais potente
seja sempre a sua mente
munida só de bondade.
Se você não se entregar,
dá até pra acreditar
nessa tal humanidade.

Enfim, acredite em tudo
que é bom e lhe faz bem.
Acredite, inclusive,
no que lhe faz mal também,
já que, pra se proteger,
é preciso conhecer
o que vai se enfrentar.
Que você nunca se esqueça:
Não importa o que aconteça
Não deixe de ACREDITAR!

Bráulio Bessa, Poesia que transforma

A triste partida - Patativa de Assaré
Setembro passou
Oitubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós
(Meu Deus, meu Deus)
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
(Ai, ai, ai, ai)
A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal
(Meu Deus, meu Deus)
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
(Ai, ai, ai, ai)
Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
(Meu Deus, meu Deus)
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
(Ai, ai, ai, ai)
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro
Depois fevereiro
E o mesmo verão
(Meu Deus, meu Deus)
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz isso é castigo
Não chove mais não
(Ai, ai, ai, ai)
Apela pra Março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Senhor São José
(Meu Deus, meu Deus)
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
(Ai, ai, ai, ai)
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
(Meu Deus, meu Deus)
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Palo
Viver ou morrer
(Ai, ai, ai, ai)
Nós vamos a São Palo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
(Meu Deus, meu Deus)
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Ai, pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
(Ai, ai, ai, ai)
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
(Meu Deus, meu Deus)
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
(Ai, ai, ai, ai)
Em um caminhão
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
(Meu Deus, meu Deus)
A seca terrívi
Que tudo devora
Lhe bota pra fora
Da terra natá
(Ai, ai, ai, ai)
O carro já corre
No topo da serra
Oiando pra terra
Seu berço, seu lar
(Meu Deus, meu Deus)
Aquele nortista
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar
(Ai, ai, ai, ai)
No dia seguinte
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
(Meu Deus, meu Deus)
Tão triste, coitado
Falando saudoso
Com seu filho choroso
Exclama a dizer
(Ai, ai, ai, ai)
De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
(Meu Deus, meu Deus)
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
(Ai, ai, ai, ai)
E a linda pequena
Tremendo de medo
Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?
(Meu Deus, meu Deus)
Meu pé de roseira
Coitado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
(Ai, ai, ai, ai)
E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo azul
(Meu Deus, meu Deus)
O pai, pesaroso
Nos fio pensando
E o carro rodando
Na estrada do Sul
(Ai, ai, ai, ai)
Chegaram em São Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Procura um patrão
(Meu Deus, meu Deus)
Só vê cara estranha
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
(Ai, ai, ai, ai)
Trabaia dois ano
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar
(Meu Deus, meu Deus)
Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
(Ai, ai, ai, ai)
Se arguma notícia
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
(Meu Deus, meu Deus)
Lhe bate no peito
Saudade de móio
E as água nos óio
Começa a cair
(Ai, ai, ai, ai)
Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
(Meu Deus, meu Deus)
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não
(Ai, ai, ai, ai)
Distante da terra
Tão seca mas boa
Exposto à garoa
À lama e o baú
(Meu Deus, meu Deus)

Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul
(Ai, ai, ai, ai).

Neste vídeo tem a história de Patativa com Luiz Gonzaga: PATATIVA ETERNO. - YouTube

Terra das palmeiras

Mata dos cocais, uma região que embora não seja genuinamente maranhense, compõe uma de suas riquezas. Entretanto estende-se compartilhada com os irmãos de outros estados, entre eles o Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia e Tocantins. Uma vegetação que transborda beleza e preserva sua altivez e imponência seja em seu destaque isolado ou quando aglomerada. Beleza que pode ser aparente e percebida à distância ou contemplada em sua essência por quem compartilha sua presença no seu dia a dia, por vezes contemplando o branqueamento esfumaçado da neblina levemente movimentada entre a vegetação que vezes esconde e vezes destaca as palmeiras ao fim do crepúsculo matutino formando uma imagem mental privilegiada por seu povo ou por transeuntes de observação mais apurada.

A (Orbignya phalerata) ou babaçu, também chamado bauaçu, baguaçu, auaçu, aguaçu, guaguaçu, uauaçu, gebara-uçu, coco-de-macaco, coco-de-palmeira, coco-naiá, coco-pindoba e palha-branca repesenta uma dádiva incorporada aos valores culturais de um povo privilegiado por compartilhar da companhia permanente das palmeiras comum das áreas mais rurais em detrimento das vegetações que predominam as plantações de pedras em meio à discretas vegetações naturais urbanas. Um povo que aprendeu a aproveitar da totalidade da arvore como matéria prima à uma diversidade de necessidades próprias do homem do campo. Este utiliza a palmeira em construções vernaculares e para isto faz uso do tronco e folhagem em paredes, coberturas e esquadrias.

A criatividade humana parece fluir em campo fértil propenso a multiplicação de possibilidades de uso da palmeira em utensílios domésticos indispensáveis ou para eventuais demonstrações de bom gosto artesanal na produção de peças cuja imaginação permite criar. Para tanto, os artesanatos confeccionados com o babaçu representam os souvenirs que não podem faltar em lojas de lembranças turísticas representativas do Maranhão, embora não seja uma vegetação presente em todo seu território. Vale ressaltar as produções de peças de palha destinada às perfeitas a atrativas acomodações de aves em postura, ou seja, os ninhos de palha chamados de "panacu". Tambem de confecção em palha existem as famosas esteiras usadas para divisões eventuais como mero bloqueio da visualização conferindo privacidade, simplesmente para forrar o chão ou para as famosas portas(mensabas) das residências mais humildes e isoladas cuja fechadura se resumia a um providencial amarrado de cipó, cordão ou tira de tecido.

As tradicionais casas de taipa coberta com a folha da palmeira de babaçu e com paredes de barro, madeira e talo da folha da palmeira conferem um prazer desde a dedicação à construção, preparando a folha para cobertura, o barro para as paredes e pisos e a sensação incomparável de um ambiente peculiar das construções destas regiões rurais, por vezes, isoladas entre uma vegetação típica e que permitem a livre passagem do vento pelas aberturas superiores das construções e por onde podemos contemplar a claridade do dia, a beleza do céu noturno ou cujo contato mais íntimo com a natureza proporcionam sensações incomparáveis nos dias de chuva. Estes são valores que não podem ser representados e sim vivenciados.

Outro valor que podemos tentar descrever está relacionado à vida das quebradeiras de coco ou dos roceiros. Enquanto estes contemplam a companhia das palmeiras em suas áreas de roça, aquelas serpenteiam a vegetação comumente fechada usando rastros do caminhar frequente. Algumas quebradeiras costumam cantarolar em seu trajeto na busca das palmeiras carregadas de cachos de coco, juntam amontoados de coco utilizando "cofos" confeccionados também da palha do babaçu para o transporte e aglomeram-se na sombra entre a vegetação para retirada das amêndoas com seus machados e porretes. Estes momentos indescritíveis em sua plenitude, são proporcionadores de descontração pelo prazer muito peculiar.  Ao fim de uma jornada diária, deixam as cascas para posterior confecção de carvão de coco e levam as amêndoas retiradas para seus lares. Consequentemente, realizam a venda das amêndoas ou de seus derivados como o coco quebrado nos pilões de madeira ou do azeite produzido em processos artesanais simples, porém trabalhosos.

O mesocarpo do babaçu representa outro produto obtido do coco e seu uso pode ser destinado à confecção de bolos, bolachas e uma espécie de pó para misturar ao leite. Este produto, além de ser nutritivo e saboroso, detém indicações para uso medicinal contendo elevado poder nas ações cicatrizantes. 

A multiplicidade de formas de aproveitamento dos produtos oriundos da palmeira do babaçu não se esgota e na culinária configura como ingredientes presentes nos pratos mais saborosos e tradicionais do estado bem como nas alimentações de improviso mais imediato como o azeite aquecido junto com a farinha de mandioca amarela acompanhada de café, mas são os deliciosos pratos de galinha, bode e muitos outros cozidos no leite de coco que despertam atenção merecida na culinária maranhense. Despretensiosamente, ressalto a exoticidade da apreciação do "gongo" crú ou frito para alguns.  

A palmeira de babaçu e suas incontáveis funcionalidades já sustentou milhares de maranhenses, já enriqueceu alguns usineiros produtores de azeite, produtores de carvão em grande quantidade, etc,. Atualmente, ainda compõe o sustento de diversas famílias deste riquíssimo estado brasileiro. Já foi protagonista de diversas produções literárias maranhenses, algumas das obras representam as mais parodizadas do mundo como é o caso de "Canção do exílio" do poeta maranhense Gonçalves Dias.

De forma alguma pretendemos esgotar as possibilidades de exploração do potencial da Orbignya phalerata, mas deixaremos evidenciado que da sua literal sombra existencial à sua morte, encontramos utilidade. Pois nesta o material orgânico em decomposição representa um dos melhores substratos para plantas, sobretudo nos tradicionais canteiros maranhenses e enquanto viva permanece bela e altiva resistindo ao fogo acidental ou criminoso e aos volumosos níveis pluviométricos da região dos cocais.

Não poderia me despedir sem enaltecer os jardins dos "terreiros" daquelas residências com plantas típicas regionais geralmente envoltos em palmeiras, ambiente que trazem em sua singela essência a riqueza da vida, a felicidade que poucos tem o privilégio de apreciar, pois como poucos conseguem perceber os sons que as palmeiras produzem, analogamente, poucos apresentam sensibilidade aos prazeres mais escusos.









Terra das palmeiras, pré-amazônia e mata dos cocais;

Terra rica e que preserva suas abundantes belezas naturais;

Terra que já vivenciou um esplendor de outrora, de grande influência nacional.

De uma cultura rica e de reconhecimento artístico mundial.

Terra de poetas de merecida reverência e que assim era denominada uma Atenas brasileira.

Terra que detinha não apenas um berço de vida como é típico dos seus manguezais, mas um nascedouro de talentos para os quais justificava grandes nomes da literatura.

Outrora de tantas usinas que revelavam uma cidade industrial

Imagens revividas numa visão de usinas de algodão, de açúcar e de azeite de babaçu.

Imagens revitalizadas no contexto de grande produtor nacional.

Infelizmente, sustenta na sua escória mais letal, seus administradores egocêntricos, a manutenção de grupos hereditários que sameiam em terras, fertilizada pela ganância, a semente de sua autofagia.

Nesta terra de variedades naturais, é no clima quente e úmido que afloram os babaçuais. Sua beleza também se destaca na neblina do amanhecer que num movimento lento tem suas palmeiras enfeitando o cenário apropriado pelo olhar mais perceptivo.

sábado, 14 de maio de 2022

II Exposição de plantas de jardim

 A exposição de plantas de jardim de Santa Inês acontecerá na manhã de domingo do dia 12 de junho de 2022, portanto das 8:00h ao meio dia.

O evento consiste em um encontro de interessados em realizar uma exposição e para isto conta com diversos colaboradores que se predispõem à levar suas plantas para expor e eventualmente realizar escambo, ficando livre aos participantes a permuta, doação ou comercializações criando assim uma oportunidade de fonte de renda e de adquirir exemplares de interesses para ornamentação de jardins, decoração de ambientes comerciais e meras satisfações particulares. A primeira edição ocorreu em 2019 e teve repercussão em todo o estado do Maranhão através da cobertura de Erisvaldo Santos da TV Mirante. A reportagem passou no Mirante Rural e tem alcance Estadual. 

Apesar das solicitações de novas edições, não houvera ares propícios à realização em virtude das condições sanitárias  evidenciadas na pandemia da COVID o que impediu as realizações em 2020,  2021 e só agora nos sentimos mais confortáveis em oferecer mais esta edição de um evento que revela-se salutar em diversos aspectos, dos quais destacamos o bem estar mental em contemplar a beleza das plantas.

O evento é solidário e em alusão ao dia do meio ambiente. Uma oportunidade que extasia os participantes com a beleza das plantas. Destacamos que os colaboradores para a realização não se resumem àqueles que levam as plantas, mas estendem-se aos divulgadores, visitantes e muitos outros participantes que atuam de maneira direta e indireta.

Na edição de 2019 tivemos a participação dos ciclistas que fizeram um passeio de Pindaré Mirim para Santa Inês com encerramento no local da exposição onde na oportunidade seria realizada uma homenagem póstuma a TIBI,  um ciclista entusiasta das ações voltadas ao meio ambiente. Já para esta edição teremos duas homenagens póstumas dedicadas à dona Hilda Maramaldo e Leuda Cabral que foram duas entusiastas participantes de nosso grupo de whatssap intitulado "Flora Santa Inês" e que não só colaborou com a realização da primeira edição como registrou sua presença naquela oportunidade, mas que infelizmente foi vitimada pela pandemia e hoje alegram os jardins celestiais. Nesta edição pretendemos também homenagear mais uma colega, dona Mirianzinha, uma senhora apreciadora de plantas e que irradia aos presentes o seu prazer de contemplar plantas.

Desde já, agradecemos a predisposição dos colegas do grupo de apreciadores de carros antigos e motoqueiros em ceder suas paixões para compor o cenário da exposição. Nesta oportunidade teremos a moto kasisnky mirage e o carro VW MP Lafer e desta forma revezar entre as participações de colegas com seus carros e motos, a cada ano, contribuindo com a beleza do ambiente da exposição. Esperamos a presença dos colegas proprietários de suas grandes paixões , quer sejam, carros clássicos antigos, motos ou plantas e que além do passeio de carros antigos de Santa Inês à Pindaré Mirim no dia do meio ambiente, dia 05 de junho, que haja o passeio de Pindaré Mirim ao local da exposição de plantas de jardim no dia 12 de junho no Sitio Trindade na avenida Louis Barros Ellouf, 1125, Bairro do aeroporto após o CAPs 1 e 2 em Santa Inês. Aguardaremos também a presença dos ciclistas para darmos início a uma participação tradicional desses colegas que, em sua grande maioria, unem o prazer de pedalar à contemplação da natureza.

Mirabilis jalapa - maravilha, uma planta delicada de flores noturnas e aromáticas.

Galeria de fotos(em edição):

sábado, 23 de abril de 2022

Blaise Pascal


Após leitura de um opúsculo sobre Galileo Galilei adquirido na banca do terminal rodoviário de São Luís com o objetivo de variar a monotonia das constantes viagens de fins de semana destinadas à realização do mestrado em matemática, venho realizar mais uma leitura neste gênero de biografias dos nomes mais comuns na rotina do ensino de matemática e de informática. Devo confessar que o intervalo de uma leitura à outra neste segmento de interesse tem sido relativamente longo, embora tenha me detido à parciais e esporádicas releituras de algumas passagens da biografia de Galileo. Dedico então estas linhas à socialização de alguns destaques desta marcante obra de Antônio G. da Silva intitulada Pascal: cientista e filósofo místico.

Menino prodígio alfabetizado e instruído por seu pai Étienne Pascal, notabilizou-se por suas contribuições na área da física, filosofia e muitas outras. Sua paixão declarada era a matemática, mas Pascal foi também cientista e inventor. Entre suas contribuições como inventor, destacamos a "máquina de aritmética" como assim chamava, embora à conheçamos na literatura como Pascaline e foi criada quando Pascal ainda tinha 19 anos. Esta configura como a primeira calculadora mecânica da história e, sendo assim, uma precursora do computador por representar o primeiro computador analógico.

Nascido em Clermont-Ferrand, França em 1623, revolucionou os conhecimentos da ciência daquele conturbado século XVII dedicando-se aos trabalhos sobre os fluidos, então iniciados pelo físico italiano, Torricelli. Seus estudos sobre pressão e vácuo também estão presentes na história do progresso da ciência contemporânea. Dotado de aptidões intelectuais extraordinárias, sua passagem, apesar de marcante, reduziu-se a 39 anos, falecendo em Paris em 1662.

As produções literárias baseadas nos relatos de Pascal revelam suas competências para produções como fruto de evoluções e lapidações de trabalhos existentes. Jamais ignorou as contribuições de seus antecessores, revelando suas habilidades perceptivas e apresentando conclusões divergentes daquelas até então conhecidas. Atualmente, percebemos o grande sofrimento que aqueles cientistas enfrentavam ao apresentar divergências aos conhecimentos aceitáveis na época, mas convivemos no momento, por exemplo, com o reconhecimento da terra girando em torno do sol e da existência do vácuo, teorias outrora veementemente sufocadas, embora cientificamente comprovadas.

No próprio prefácio de tratados escritos por Pascal, podemos perceber sua reverência aos antigos cientistas, mas queixa-se da exacerbada resistência às novidades científicas conforme parafraseadas por Silva:

"Em sua brevidade, o prefácio se queixa do sumo respeito conferido a tudo o que os antigos nos legaram nas ciências humanas e nas ciências exatas e, em contrapartida, do tratamento mesquinho dados pelos contemporâneos a todos os cientistas modernos que, por meio de experiências sérias e conclusivas, fazem novas descobertas, contribuindo para o progresso da humanidade. ... Hoje podemos ter outras posições e novas opiniões sem desprezo e sem ingratidão, uma vez que os primeiros conhecimentos serviram de degraus para os nossos e que nesses avanços lhes somos devedores da ascendência que temos sobre eles, porque, tendo sido elevados até o grau para onde eles nos levaram, o menor esforço nos faz subir mais algo e com menos dificuldade e menos glória nos encontramos acima deles. É por essa razão que podemos descobrir coisas que lhe eram impossíveis perceber. Nossa visão é mais ampla e, embora conhecessem tão bem quanto nós tudo o que podemos observar da natureza, não a conheciam tanto, contudo, e nós vemos mais do que eles."

Entretanto, é estranho de que maneira se reverencia suas posições. Comete-se um crime ao contradize-los e um atentado aos acrescentar-lhes alguma coisa, como se não tivessem mais deixado verdades a conhecer.

Acaso seria indigno a razão do homem coloca-lo em paralelo com o instinto dos animais que, como as abelhas, agem construindo suas colmeias estruturadas em seus hexágonos tão perfeitamente exatos hoje quanto foram os primeiros de sua espécie. O homem, no entanto foi criado exclusivamente para infinitude.

"Não é necessário, porque você é duque, que eu o estime, mas é necessário que o cumprimente... é uma tolice e uma baixeza de espírito lhes recusar estes deveres" Pascal deixou três discursos sobrea condição dos grandes, demonstrando entretanto suas habilidades em sociologia e política. Era um cidadão integrado na sociedade de sua época e preocupado com o bom funcionamento da gestão da coisa pública.

Não poderia deixar de traçar um paralelo com a natural convivência com alguns colegas que entenderão perfeitamente a citação destacada abaixo. (Creio que apenas este grupo entenderá. Ressalto que não se trata de uma ironia ou mesmo de qualquer relação com a ideia anunciada. Divirtam-se colegas).

"... você está cercado de pequeno número de pessoas que reina à sua maneira. Estas pessoas estão repletas de concupiscência. Pedem-lhe os bens da concupiscência; é a concupiscência que o liga a você. Você é, portanto, um rei de concupiscência. Se reino é de reduzida extensão, mas você é igual nisso aos maiores reis da terra; como você, são reis de concupiscência. É a concupiscência que faz sua força, isto é, a posse das coisas que a cobiça dos homens deseja. Use dos meios que ela lhe é favorável e não pretenda reinar por outra via senão aquela que o tornou rei. Não é sua força e seu poder natural que lhe sujeitam todas estas pessoas. Não pretenda, portanto, dominá-las pela força, nem tratá-las com dureza. Contente seus justos desejos; alivia suas necessidades; demonstre prazer em ser beneficente; ajude-os tanto quanto puder e agirá como verdadeiro rei de concupiscência."

Não tenho a menor pretensão de esgotar as contribuições apresentadas na obra, me reservando apenas a estes breves relatos destacados.

Dentre muitas outras passagens, destaco alguns parágrafos contido no capítulo intitulado "pensamentos":

* Da mesma forma que se estraga o espírito, se estraga também o sentimento. O espirito e o sentimento se formam pela conversa. Espírito e o sentimento se estragam pela conversa. Assim, as boas ou más conversas o formam ou o estragam. Importa, portanto, saber realmente escolher para formá-lo em si próprio e não estragá-lo; e não se pode proceder a esta escolha, se já não se o tiver formado e não estragado. Assim, isso se torna um círculo vicioso e são bem felizes aqueles que conseguem sair dele.

* Persuadimo-nos geralmente pelas razões que nós mesmos encontramos que por aquelas que nos foram transmitidas pelo espírito dos outros.

* A eloquência é uma arte de dizer as coisas de tal modo que: primeiro, aquelas a quem se fala possam entende-la sem dificuldade e com prazer; segundo, se sintam interessados, de maneira que o amor-próprio os leve de boa vontade a refletir sobre elas.

* As palavras diversamente dispostas transmitem um pensamento diverso e os sentidos diversamente dispostos causam efeitos diversos.

* Queres que se pense bem de ti? Não fales bem de ti.

* Um mesmo sentido muda segundo as palavras que o exprimem. O sentido recebe das palavras sua dignidade em vês de conferí-las a elas.

* Quando se lê muito depressa ou muito devagar, nada se entende.

* Admito como um fato que, se todos os homens soubessem o que dizem uns dos outros, não haveria quatro amigos no mundo. Isso transparece pelas discussões que reatos indiscretos causam às vezes.

* Embora as pessoas não tenham interesse no que dizem, não se deve em absoluto concluir disso que não mintam, pois há gente que mente simplesmente por mentir.

* As coisas tem diversas qualidades e a alma, diversas inclinações, pois nada do que se oferece à alma é simples e a alma nunca se oferece simples em nenhuma situação. disso decorre que se chora e se ri de uma mesma coisa.

* A natureza se imita: uma semente, lançada em terra boa, produz; um princípio, lançado num bom espírito, produz; os números imitam o espaço, sendo de natureza tão diferente.

Pascal nos deixou um legado composto de diversas contribuições científicas em sua breve passagem mesclada de sofrimento por sua saúde comprometida, seus períodos de vida desregrada e suas místicas percepções no que concerne a natureza espiritual do homem. Sua dedicação à matemática nos permitiu alguns teoremas sobre as probabilidades e a lapidação do triangulo aritmético, triangulo chinês ou, como mais conhecemos, triangulo de Pascal.

Me despeço de mais uma gratificante leitura, mas reservo a única intenção de retomá-la e de me reportar sempre que conveniente.