segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Trabalho sobre o babaçu

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá. 

Recanto Poético: Canção do Exílio As Avessas - Jô Soares (recantopoeticolettig3.blogspot.com)




Gonçalves Dias, além de poeta, foi jornalista e advogado. Ele nasceu no Maranhão na cidade de Caxias, no ano de 1823, e morreu na mesma cidade de origem e 1864. 

Em sua carreira literária, Gonçalves se destacou como um grande representante da primeira fase do Romantismo no Brasil, conhecida também como geração indianista ou nacionalista

Análise do poema 


A Canção do Exílio foi um poema escrito por Gonçalves quando ele ainda cursava direito na Faculdade de Coimbra (Portugal), no ano de 1847. No país, ele teve contato com as primeiras obras literárias portuguesas, sobretudo, dos poetas e escritores Almeida Garret (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877).

A canção é um poema composto por cinco estrofes, sendo três quartetos, com quatro versos e dois sextetos, com seis versos. Nele é possível perceber a admiração e patriotismo que o autor tinha em relação ao Brasil.

Em um dos trechos do poema Gonçalves deixou transparecer um pouco da saudade que sentia do seu país de origem. O sentimento de retornar era tamanho que ele escreveu: 


Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;.

Além disso, na composição do Hino Nacional Brasileiro, realizado em 1822, foi usado dois versos do poema Canção do Exílio. Esse é o trecho do hino:
 
Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, (no teu seio) mais amores.


Meu país tinha palmeiras,

Lá cantava o Sabiá;
Que hoje quase não canta
Porque poucos deles há.

Nosso céu, tem sim, estrelas,
Mas, nas várzeas não há flores,
Nossos bosques têm queimadas,
Há mais ódio e desamores.

Ao deitar, todas as noites,
A lembrar ponho-me cá;
Daquelas lindas palmeiras,
Do canto do Sabiá.

Meu país tinha primores,
Mas já não os vejo cá.
Ao lembrar –sozinho, à noite-
Quanta tristeza me dá!
Onde estão minhas palmeiras,
Onde anda o Sabiá?

Permita-me, Deus que eu morra,
Sem que  tenha de ver cá;
Mais depredação das matas
E a extinção do Sabiá,
Destas matas brasileiras
Qu’igual no mundo não há.

Miriam Panihghel Catvalho

Vários autores parodiaram ou parafrasearam a obra Canção do exílio de Gonçalves Dias.
Destacamos apenas algumas destas versões, conforme segue mais uma delas.

Canção do Exílio às Avessas
Jô Soares

Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Nào fazem cocoricó.

O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó,
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.

Minha Dinda tem piscina,
Heliporto e tem jardim
feito pela Brasil's Garden:
Não foram pagos por mim.
Em cismar sozinho à noite
sem gravata e paletó
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o curió.

No meio daquelas plantas
Eu jamais me sinto só.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Pois no meu jardim tem lagos
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.

Minha Dinda tem primores
De floresta tropical.
Tudo ali foi transplantado,
Nem parece natural.
Olho a jabuticabeira
dos tempos da minha avó.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.

Até os lagos das carpas
São de água mineral.
Da janela do meu quarto
Redescubro o Pantanal.
Também adoro as palmeiras
Onde canta o curió.
Nào permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.

Finalmente, aqui na Dinda,
Sou tartado a pão-de-ló.
Só faltava envolver tudo
Numa nuvem de ouro em pó.
E depoies de ser cuidado
Pelo PC, com xodó,
Não permita Deus que eu tenha
De acabar no xilindró.




Canção do Exílio As Avessas é uma paródia de Jô Soares, usando como texto base a Canção do Exílio de Gonçalves Dias.
Esse texto é um dos inúmeros textos parodísticos criados a partir do texto do poeta maranhense.


Hino de Santa Inês

Outrora no vale do Pindaré
Antes das vilas e dos canaviais
Predominava o Índio Amanajé
Em meios às sombras dos babaçuais

Lagrou após o,lugar mais projeção
Pela pesca, lavoura e pecuária
E pelo exemplo de dona Inez Galvão
Entre outras mestras extraordinárias

Brava gente, terra amada!
Lar de paz hospitaleiro
Ó Santa Inês, prestigiada
Neste solo brasileiro

Sua cultura é tradicional
Do bumba-boi ao folguedo junino
E do terreiro ao brio do carnaval
Da vaquejada a festa do divino

Hoje, esbelta e tão modelar cidade,
Com o eixo rodoviário ativo
E a ferrovia dando prosperidade
Com o comercio a esse povo altivo

Acredite

Acreditar é ter fé
naquilo que ninguém prova.
É dispensar a certeza
que geralmente comprova.
Pois a dúvida é uma dívida
e a conta só se renova.

Acredite no improvável,
acredite no impossível,
enxergue o que ninguém vê,
perceba o imperceptível
e enfrente o que, para muitos,
parece ser invencível.

Acredite em você,
na força da sua fé,
nas vezes que você teve
que remar contra a maré.
Cada “não” que alguém lhe disse
deu forças pra que surgisse
um desejo de provar
que quando a gente tropeça
se levanta e recomeça
sem parar de caminhar.

Acredite em tudo aquilo
que lhe torna diferente
em tudo que já passou
e no que vem pela frente.
Acredite e seja forte,
não espere pela sorte,
não espere por ninguém,
pois de tanto esperar
você pode estacionar
e deixar de ir além.

Acredite e não se explique
pois poucos vão entender:
só se compreende um sonho
se o sonhador for você.
Há quem possa lhe animar,
há quem possa duvidar,
há quem lhe faça seguir.
Mas não descuide um segundo
pois muita gente no mundo
quer lhe fazer desistir.

Acredite, pense e faça,
use sua intuição,
transforme sonho em suor,
pensamento em ação.
Enfrente cada batalha
sabendo que a gente falha
e que isso é natural,
cair pra se levantar,
aprender pra ensinar
que o bem é maior que o mal.

Que primeiro a gente planta
e só depois vai colher.
O roteiro é sempre este:
lutar pra depois vencer.
E que a arma mais potente
seja sempre a sua mente
munida só de bondade.
Se você não se entregar,
dá até pra acreditar
nessa tal humanidade.

Enfim, acredite em tudo
que é bom e lhe faz bem.
Acredite, inclusive,
no que lhe faz mal também,
já que, pra se proteger,
é preciso conhecer
o que vai se enfrentar.
Que você nunca se esqueça:
Não importa o que aconteça
Não deixe de ACREDITAR!

Bráulio Bessa, Poesia que transforma

A triste partida - Patativa de Assaré
Setembro passou
Oitubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós
(Meu Deus, meu Deus)
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
(Ai, ai, ai, ai)
A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal
(Meu Deus, meu Deus)
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
(Ai, ai, ai, ai)
Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
(Meu Deus, meu Deus)
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
(Ai, ai, ai, ai)
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro
Depois fevereiro
E o mesmo verão
(Meu Deus, meu Deus)
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz isso é castigo
Não chove mais não
(Ai, ai, ai, ai)
Apela pra Março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Senhor São José
(Meu Deus, meu Deus)
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
(Ai, ai, ai, ai)
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
(Meu Deus, meu Deus)
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Palo
Viver ou morrer
(Ai, ai, ai, ai)
Nós vamos a São Palo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
(Meu Deus, meu Deus)
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Ai, pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
(Ai, ai, ai, ai)
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
(Meu Deus, meu Deus)
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
(Ai, ai, ai, ai)
Em um caminhão
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
(Meu Deus, meu Deus)
A seca terrívi
Que tudo devora
Lhe bota pra fora
Da terra natá
(Ai, ai, ai, ai)
O carro já corre
No topo da serra
Oiando pra terra
Seu berço, seu lar
(Meu Deus, meu Deus)
Aquele nortista
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar
(Ai, ai, ai, ai)
No dia seguinte
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
(Meu Deus, meu Deus)
Tão triste, coitado
Falando saudoso
Com seu filho choroso
Exclama a dizer
(Ai, ai, ai, ai)
De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
(Meu Deus, meu Deus)
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
(Ai, ai, ai, ai)
E a linda pequena
Tremendo de medo
Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?
(Meu Deus, meu Deus)
Meu pé de roseira
Coitado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
(Ai, ai, ai, ai)
E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo azul
(Meu Deus, meu Deus)
O pai, pesaroso
Nos fio pensando
E o carro rodando
Na estrada do Sul
(Ai, ai, ai, ai)
Chegaram em São Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Procura um patrão
(Meu Deus, meu Deus)
Só vê cara estranha
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
(Ai, ai, ai, ai)
Trabaia dois ano
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar
(Meu Deus, meu Deus)
Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
(Ai, ai, ai, ai)
Se arguma notícia
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
(Meu Deus, meu Deus)
Lhe bate no peito
Saudade de móio
E as água nos óio
Começa a cair
(Ai, ai, ai, ai)
Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
(Meu Deus, meu Deus)
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não
(Ai, ai, ai, ai)
Distante da terra
Tão seca mas boa
Exposto à garoa
À lama e o baú
(Meu Deus, meu Deus)

Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul
(Ai, ai, ai, ai).

Neste vídeo tem a história de Patativa com Luiz Gonzaga: PATATIVA ETERNO. - YouTube

Terra das palmeiras

Mata dos cocais, uma região que embora não seja genuinamente maranhense, compõe uma de suas riquezas. Entretanto estende-se compartilhada com os irmãos de outros estados, entre eles o Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia e Tocantins. Uma vegetação que transborda beleza e preserva sua altivez e imponência seja em seu destaque isolado ou quando aglomerada. Beleza que pode ser aparente e percebida à distância ou contemplada em sua essência por quem compartilha sua presença no seu dia a dia, por vezes contemplando o branqueamento esfumaçado da neblina levemente movimentada entre a vegetação que vezes esconde e vezes destaca as palmeiras ao fim do crepúsculo matutino formando uma imagem mental privilegiada por seu povo ou por transeuntes de observação mais apurada.

A (Orbignya phalerata) ou babaçu, também chamado bauaçu, baguaçu, auaçu, aguaçu, guaguaçu, uauaçu, gebara-uçu, coco-de-macaco, coco-de-palmeira, coco-naiá, coco-pindoba e palha-branca repesenta uma dádiva incorporada aos valores culturais de um povo privilegiado por compartilhar da companhia permanente das palmeiras comum das áreas mais rurais em detrimento das vegetações que predominam as plantações de pedras em meio à discretas vegetações naturais urbanas. Um povo que aprendeu a aproveitar da totalidade da arvore como matéria prima à uma diversidade de necessidades próprias do homem do campo. Este utiliza a palmeira em construções vernaculares e para isto faz uso do tronco e folhagem em paredes, coberturas e esquadrias.

A criatividade humana parece fluir em campo fértil propenso a multiplicação de possibilidades de uso da palmeira em utensílios domésticos indispensáveis ou para eventuais demonstrações de bom gosto artesanal na produção de peças cuja imaginação permite criar. Para tanto, os artesanatos confeccionados com o babaçu representam os souvenirs que não podem faltar em lojas de lembranças turísticas representativas do Maranhão, embora não seja uma vegetação presente em todo seu território. Vale ressaltar as produções de peças de palha destinada às perfeitas a atrativas acomodações de aves em postura, ou seja, os ninhos de palha chamados de "panacu". Tambem de confecção em palha existem as famosas esteiras usadas para divisões eventuais como mero bloqueio da visualização conferindo privacidade, simplesmente para forrar o chão ou para as famosas portas(mensabas) das residências mais humildes e isoladas cuja fechadura se resumia a um providencial amarrado de cipó, cordão ou tira de tecido.

As tradicionais casas de taipa coberta com a folha da palmeira de babaçu e com paredes de barro, madeira e talo da folha da palmeira conferem um prazer desde a dedicação à construção, preparando a folha para cobertura, o barro para as paredes e pisos e a sensação incomparável de um ambiente peculiar das construções destas regiões rurais, por vezes, isoladas entre uma vegetação típica e que permitem a livre passagem do vento pelas aberturas superiores das construções e por onde podemos contemplar a claridade do dia, a beleza do céu noturno ou cujo contato mais íntimo com a natureza proporcionam sensações incomparáveis nos dias de chuva. Estes são valores que não podem ser representados e sim vivenciados.

Outro valor que podemos tentar descrever está relacionado à vida das quebradeiras de coco ou dos roceiros. Enquanto estes contemplam a companhia das palmeiras em suas áreas de roça, aquelas serpenteiam a vegetação comumente fechada usando rastros do caminhar frequente. Algumas quebradeiras costumam cantarolar em seu trajeto na busca das palmeiras carregadas de cachos de coco, juntam amontoados de coco utilizando "cofos" confeccionados também da palha do babaçu para o transporte e aglomeram-se na sombra entre a vegetação para retirada das amêndoas com seus machados e porretes. Estes momentos indescritíveis em sua plenitude, são proporcionadores de descontração pelo prazer muito peculiar.  Ao fim de uma jornada diária, deixam as cascas para posterior confecção de carvão de coco e levam as amêndoas retiradas para seus lares. Consequentemente, realizam a venda das amêndoas ou de seus derivados como o coco quebrado nos pilões de madeira ou do azeite produzido em processos artesanais simples, porém trabalhosos.

O mesocarpo do babaçu representa outro produto obtido do coco e seu uso pode ser destinado à confecção de bolos, bolachas e uma espécie de pó para misturar ao leite. Este produto, além de ser nutritivo e saboroso, detém indicações para uso medicinal contendo elevado poder nas ações cicatrizantes. 

A multiplicidade de formas de aproveitamento dos produtos oriundos da palmeira do babaçu não se esgota e na culinária configura como ingredientes presentes nos pratos mais saborosos e tradicionais do estado bem como nas alimentações de improviso mais imediato como o azeite aquecido junto com a farinha de mandioca amarela acompanhada de café, mas são os deliciosos pratos de galinha, bode e muitos outros cozidos no leite de coco que despertam atenção merecida na culinária maranhense. Despretensiosamente, ressalto a exoticidade da apreciação do "gongo" crú ou frito para alguns.  

A palmeira de babaçu e suas incontáveis funcionalidades já sustentou milhares de maranhenses, já enriqueceu alguns usineiros produtores de azeite, produtores de carvão em grande quantidade, etc,. Atualmente, ainda compõe o sustento de diversas famílias deste riquíssimo estado brasileiro. Já foi protagonista de diversas produções literárias maranhenses, algumas das obras representam as mais parodizadas do mundo como é o caso de "Canção do exílio" do poeta maranhense Gonçalves Dias.

De forma alguma pretendemos esgotar as possibilidades de exploração do potencial da Orbignya phalerata, mas deixaremos evidenciado que da sua literal sombra existencial à sua morte, encontramos utilidade. Pois nesta o material orgânico em decomposição representa um dos melhores substratos para plantas, sobretudo nos tradicionais canteiros maranhenses e enquanto viva permanece bela e altiva resistindo ao fogo acidental ou criminoso e aos volumosos níveis pluviométricos da região dos cocais.

Não poderia me despedir sem enaltecer os jardins dos "terreiros" daquelas residências com plantas típicas regionais geralmente envoltos em palmeiras, ambiente que trazem em sua singela essência a riqueza da vida, a felicidade que poucos tem o privilégio de apreciar, pois como poucos conseguem perceber os sons que as palmeiras produzem, analogamente, poucos apresentam sensibilidade aos prazeres mais escusos.









Terra das palmeiras, pré-amazônia e mata dos cocais;

Terra rica e que preserva suas abundantes belezas naturais;

Terra que já vivenciou um esplendor de outrora, de grande influência nacional.

De uma cultura rica e de reconhecimento artístico mundial.

Terra de poetas de merecida reverência e que assim era denominada uma Atenas brasileira.

Terra que detinha não apenas um berço de vida como é típico dos seus manguezais, mas um nascedouro de talentos para os quais justificava grandes nomes da literatura.

Outrora de tantas usinas que revelavam uma cidade industrial

Imagens revividas numa visão de usinas de algodão, de açúcar e de azeite de babaçu.

Imagens revitalizadas no contexto de grande produtor nacional.

Infelizmente, sustenta na sua escória mais letal, seus administradores egocêntricos, a manutenção de grupos hereditários que sameiam em terras, fertilizada pela ganância, a semente de sua autofagia.

Nesta terra de variedades naturais, é no clima quente e úmido que afloram os babaçuais. Sua beleza também se destaca na neblina do amanhecer que num movimento lento tem suas palmeiras enfeitando o cenário apropriado pelo olhar mais perceptivo.