sábado, 25 de dezembro de 2021

Dilema fatídico

São passíveis de questionamento todas as crenças e atitudes que justificam-se fundamentalmente em uma teoria, bem como são suspeitas as análises baseadas nas superficialidades meramente conclusivas ignorando a essência que a fundamenta. Portanto, observemos com parcimônia considerando a relativização das mesmas, sobretudo quando o assunto se referir à história das religiões e, consequentemente, a evolução histórica das sociedades nas suas divergências.

Segundo o antropólogo Levi-strauss existem estruturas comuns em todas as culturas, obviamente não são tão nítidas mas que se desenvolvermos um estudo analítico poderemos evidenciar estas estruturas. A exemplo do papai Noel que tem origens europeias, podemos citar as Katchinas que é um outro personagem adotado pelos índios do nordeste dos EUA e que desempenham funções semelhantes. Perceberemos outras culturas adotando outros símbolos funcionais que não são idênticos, mas que possuem uma linha estrutural semelhante.

O Natal no entanto não é a única herança pagã inevitavelmente agregada ao cristianismo e sempre teremos quem as aceite ou rejeite. Essa tem sido nossa desconfortável trajetória ao longo da história. Divergências que tem passado por extremismo radical e de consequências drásticas.

Todos os precursores das religiões estabeleceram regras com origens e fundamentações para diversos gostos adquirindo milhões de simpatizantes. Os mesmos tem registros de atrocidades e comportamentos repugnantes. Entre vários, uma atitude racional do jurista alemao conde Nicolau Luis de Zinzendorf me parece muito sensata e pacificadora quando diante das divergências de ideias religiosas arbitrou "Foquem apenas naquilo que os uni como cristão e não naquilo que eh diferente" e dessa forma pacificou conflitos transformando a região da Moravia que ironicamente contrariava o conflito comum ao resto do mundo.

Acho estranho a adoção fiel de qualquer teoria comportamental bem como sou contra o questionamento com base em conclusões imediatistas. Dessa forma acho que toda teoria apresenta uma fundamentação coerente  e não necessariamente recomendável, dependendo entretanto das circunstancias relativas factuais e temporais. Para este momento, seria prudente o idealismo kantiano com base na dialética sujeito e meio social para percepção das ideias, uma qualidade que tem funcionado como mola propulsora e determinante do fracasso ou do sucesso. Desta forma, perceber as tendências artísticas são fundamentais ao lucro, mas a percepção das tendências sociais foram e são indispensáveis ao poder. Estas foram decisivas aos detentores momentâneos dos poderes e que sua árdua dedicação mantém a perpetuação do inevitável controle estatal e religioso com alternância de hegemonia ao longo da história.

Portanto, a vida é construída de comportamentos sociais pautados na recepção e aversão que resultam em sobreposição daquilo que se configuraria como tendência inevitável. Dentre elas, apesar de não surgirem acidentalmente, prefiro aceitar o festejo natalino com seus elementos simbólicos e, apesar da conotação econômica,  permeia o universo dos sentimentos baseados principalmente na fraternidade, compaixão e amor ao próximo, embora só funcione temporariamente.

Fico feliz em contemplar pelo menos este limitado instante.



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