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A valorização de um povo está associada aos patrimônios materiais e imateriais distribuídos em sua geografia, história e cultura. Os bens materiais são, por obvio, mais visíveis e mensuráveis, enquanto que os bens imateriais são mais escusos, restritas à um grupo mais reservado de pessoas e que atribuem valores imensuráveis à arte, cultura e história, sobretudo no que tange às origens de um povo ou região.
Nestes termos, a história do surgimento do município de Pio XII está intimamente ligada à diversos movimentos sociais de alcance estadual e outros que se estendem pelo imenso território brasileiro. Em sua maioria, são diretamente relacionados às necessidades básicas de sobrevivência como a busca por alimento, moradia e condições de manutenções destes.
Não entraremos no mérito das discussões sobre as origens do povo concentrado nas regiões nordestinas do pais, com ênfase no sertão, mas é conhecido que esta região é bastante exigente com o seu povo e que eventualmente potencializam suas dificuldades gerando movimentos migratórios aventureiros em tempos críticos registrados em algumas secas temporais. Desta forma, retirantes de diversas regiões nordestinas, sobretudo do Ceará e Piauí, buscavam as terras prometidas, o "El Dorado", "Ratanabá", seu paraíso ou ao menos uma oportunidade de melhores condições de sobrevivência.
Entremeando o aguçado interesse nas informações com a eminente necessidade vital, características que lhes são próprias das situações descritas, circulavam informações sobre a existência de vastas disposições de terras devolutas na região denominada médio mearim ou que humanamente registramos à época como domínios do município de Vitória do Mearim. No entanto, com a massiva chegada destes interessados na região, surgem naturalmente os conflitos de posse próprios da concentração, pela ganancia de alguns ou pela necessidade de satisfação do ego caracterizada pela dependência da demonstração de poder.
Os conflitos entremeiam interesses mais imediatos e reverberam na esfera política e religiosa. Destes, surgem novos conflitos de divergências ou convergências de manifestos representantes destas esferas sejam estes reconhecidos ou que se auto denominam "coronéis" e autoridades religiosas de influência regional.
Iniciando por volta de 1930 e perdurando até 1970, a região atualmente conhecida como município de Pio XII é povoada por migrantes cearenses, piauienses, de regiões do próprio estado do Maranhão e do país, concentrando-se em locais mais conhecidos como povoados, naturalmente identificados, dos quais citamos Melindrosa, Cigana, Cabo Verde, Boa Vista, Satubinha e Andirobal dos Crentes.
Os conflitos violentos favoreceram as intervenções religiosas na região como a própria reprodução na identificação do município retrata, pois oportunamente sensibilizados pelo impacto da morte do papa Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli (Pio XII) em 09 de outubro de 1958, surte como pretexto à justificativa da identificação quando na criação oficial do município conforme Lei Estadual nº 1.730, de 26 de janeiro de 1959, na gestão do governador José de Matos Carvalho.
O desgastante conflito de posseiros reverbera na esfera religiosa de majoritária representação das religiões católica e protestante, assim como, na esfera política. Neste, o conflito de poder de representantes locais é atendido com a divisão de territórios quando então surge a justificativa do interesse em criar um novo município que à princípio tinha sede na região onde hoje localiza a sede do município de Satubinha e, posteriormente, por razões próprias do desenvolvimento proporcionado pelas interferências da facilidade de transporte na BR 316 justifica a concentração mais expressiva no povoado denominado Andirobal dos Crentes e onde, inclusive, residiam seus representantes locais.
Embora a sede oficial do município de Pio XII fosse na região denominada originalmente de Satubinha, cujo povo resistia em denominar como tal, mais tarde, é transferido para Andirobal dos Crentes e o nome do Papa que configura uma representação religioasa católica, com o passar do tempo, substitui a denominação própria do povoado que era Andirobal dos Crentes para o nome oficial do município, Pio XII, gradativamente superando a resistência natural, do povo local e transeuntes como caminhoneiros e outros viajantes que por ali transitavam, que insistiam em chamar Andirobal.
Embora tenha data de emancipação em 26 de janeiro de 1959, o aniversário da cidade é tradicionalmente comemorado em 19 de novembro de 1977, quando o prefeito Raimundo Nonato Jansem Veloso transfere a sede do antigo povoado Satubinha para Andirobal do Crentes.
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